quarta-feira, janeiro 18, 2006

Não, não sou egoísta (parte II)

… e mais! É de um desalento atroz aquela sensação de se estar a comer qualquer coisa – uma sandes, um bolo, vá lá – e quando oferecemos a alguém que esteja por perto, no mais autêntico, sublinhe-se, ALTRUÍSMO, recebemos por resposta vai comendo, que eu já provo. Ora, se dissecarmos o que sobrevive de numa situação destas, meus amigos, é muito simples. Continuamos a comer o que estamos a comer, sempre à espera que a pessoa que pode gozar do disponibilizado quinhão o faça a qualquer momento. E daí resulta uma ansiedade incomportável. Surge um sem número de perguntas a nós próprios. Ela [a pessoa] nunca mais prova. Se nunca mais pedir, guardo um bocadinho no fim? E de que tamanho?. Volto à carga e, perdendo a vergonha da minha ansiedade, pergunto Então? Sempre queres um bocadinho?. Ou comemos tudo e dizemos, no fim, Ai desculpa, pensei que já não quisesses!? Todo o processo de deleite fica imediatamente transformado numa gestão dos víveres que temos em mãos, num desassossego sem fim. Começamos a dar as mais pequenas dentadas possíveis para garantir sempre o tal restinho em tempo útil. E portanto, de hoje em diante, passei à prepotência do Se queres provar, é agora, que depois não há!.