sábado, novembro 25, 2006

Um dia passaram os créditos finais

Nunca me hei-de esquecer de uma expressão tua quando estavas excepcionalmente feliz: Agora era o momento em que passavam os créditos finais, dizias. Esta frase ficou para sempre gravada na minha caixinha das recordações e ainda hoje penso muito nela quando me sinto bem comigo, com a vida e com o mundo. Adoptei-a. Utilizaste-a por diversas vezes ao meu lado, o que me deixava mais afortunado do que nunca por naquele momento fazer parte do final feliz do teu filme. Aconteceu perante gestos simples, viagens, paisagens irreais e num sem número de situações que me estão gravadas no coração e, tenho a certeza, estavam também guardadas no teu. Até ontem.
Esse é o problema dos filmes, habituamo-nos a que tenham final feliz e só esperamos que os créditos finais apareçam quando está tudo bem e resolvido, quando a câmara se afasta e não queremos que a cena seguinte estrague tudo. Mas não é sempre assim. Ontem passaram os créditos finais de um filme lindo, mas no momento errado. Não era aqui que acabava a história, não era assim. O projector já se apagou, as luzes do cinema já acenderam, o pano fechou e eu continuo sentado na sala a olhar lá para a frente. Não vai haver sequela, o realizador cansou-se de esperar pela actriz que teima em não aparecer. Parece que é mesmo verdade, o filme terminou mesmo. E agora tenho medo de ir à caixinha das recordações. THE END.

1 comentário:

JPN disse...

escuita: abraço forte!