sexta-feira, janeiro 25, 2008

Snob

Devagarinho, vou fazendo a experiência. Regresso de vez em quando aos sítios onde seria impossível não me cruzar com as tertúlias com cheiro a redacção. Para ser franco, nem imagem faço do jornalismo da máquina de escrever, já apanhei o computador. Pus os meus pés pela primeira vez numa redacção poucos dias depois de o Ricardo de Saavedra me ter afiançado Puto, a partir de segunda-feira estás aqui às 10h30 para seres jornalista. Em Janeiro de 1992 lá estava eu no Diário de Notícias a tirar fotocópias e pouco mais numa tarefa que me preenchia de orgulho e, sabe-se lá com que intuito, já me permitia dizer do topo dos meus 35 mil escudos mensais entre amigos Eu sou jornalista. Tinham sido para isso mesmo os estudos, era esse o meu objectivo, embora a minha primeira carteira profissional (antes da suspensão do mítico documento) tivesse chegado apenas em Setembro desse ano, um cartãozito mal engendrado dentro de um plástico manhoso que me fez esperar um ano pelo "definitivo" caderninho de capa preta com letras douradas a proteger a lenga-lenga dos meus direitos e deveres profissionais.
Mas, voltando aos pontos de tertúlia "redaccionária", ontem repeti um gesto bem à moda antiga: fui ao snob comer um bife. Não, não estou a ser invadido por nostalgias jornaleiras, mas notei bem as diferenças. Não conheci mais do que uma ou duas alminhas presentes, o bife já não é assim tão bom e em vez de lá ir com a rapaziada de outros tempos fui apresentar este espaço de culto da ex-noite de Lisboa a um "cúmplice" da minha nova actividade profissional. Lembro-me de ter comentado, às tantas, que não me recordo se esta sala era assim.
Então sim, já com um pouco de nostalgia, lembro-me agora que "conto" histórias até a quem me ensinou a ser jornalista, recordo-me do Luís Paixão Martins como a fonte da minha primeira história alguma vez publicada (creio que ao fim de 16 anos já não haverá problema em revelar fontes sobre uma tal de "Construções Técnicas, S.A.") e faço a vénia aos inúmeros corretores que de vez em quando me explicavam porque é que tantas mil acções da empresa X ou Y passavam daqui para ali e para estar com atenção aos próximos dias.
Hoje faço gestão de comunicação e os meus "novos" destinatários vão seguramente comer o bife para outras paragens. Mas um dia destes, garanto, lá estarei de novo a degustar a vazia do snob.
Já agora, ainda que não tenha nada a ver com o assunto, vou ser pai em Julho.

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