sexta-feira, setembro 26, 2008

Crueldade, sal e lágrimas (e Justiça?)

Posso até compreender que a Lei seja para cumprir. Permito-me até entender que Lei e Justiça sejam dois conceitos ironicamente diversos, razão pela qual as leis mais injustas pululam entre as sociedades. Porém, não posso conceber que ao abrigo da Lei se possa entrar num autêntico jogo de chacota e cruel zombaria. Ontem, a Polícia Marítima apreendeu 20 toneladas de corvina ao largo de Sesimbra a pescadores que acabavam de regressar ao porto. O "crime", segundo consta dos cardápios, e reduzido ao formato mais simples, residia no facto de estes homens terem pescado em excesso. Não vou defender ou atacar aqui a sensatez da legislação aplicada neste caso, até porque sou defensor do seu cumprimento independentemente, lá está, da sua justiça. Mas não posso deixar de me sentir revoltado com a crueldade dos procedimentos perante gente que trabalha e que se esforça para colocar pão na mesa dos seus filhos. O peixe apreendido por sete agentes armados passou imediatamente para a propriedade do Estado, que o vendeu logo de seguida, mesmo à frente dos pescadores que o foram buscar ao mar, como que a gozar, a 17 cêntimos o quilo. Dinheiro que, ainda que simbólico e representativo da mais abstrusa mesquinhez, reverteu naturalmente para os cofres do Estado. Assim como as multas que foram ali aplicadas aos "criminosos". É ou não cruel? Pena que os pescadores não tenham tido a ideia de deitar de novo o peixe ao mar.

Julguem por vocês mesmos neste link (enquanto não há video no Youtube)

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