quarta-feira, janeiro 21, 2009

Ir às curvas em caminhos a direito

Posto eu hoje, em primeiro lugar, para uma palavra de saudação a um colega que acaba de ser PAI, não há muitos minutos. De uma Francisca. Tendo em conta a minha experiência recente, posso, por relâmpagos de reminescências, imaginar o que estará a sentir neste momento. Mas bom, não será esse o intuito desta mensagem. Quero transmitir-lhe apenas isto, numa opinião que, aliás, já lha dei a conhecer em dias idos: meu rapaz, olha que faz parte da natureza humana complicar as coisas. Criou-se a moda e hábito de fazer de um bebé um verdadeiro bicho de sete cabeças. Antes de se ter um filho, as pessoas à volta desenham autênticos dias de terror. Agora é que vão ser elas. Espero que tenhas aproveitado muito bem a tua vidinha toda até agora. Porque não perguntaste primeiro a quem já tem filhos?

É que somos miserabilistas. Tenho para mim que só nos sentimos com conteúdo quando as coisas nos correm mal. Eh pa, nem imaginas o que me aconteceu. Só a mim (sim, porque depois temos a mania da perseguição, de que as coisas só nos acontecem a nós). Mas vou ser um pouco mais concreto.

Ter sido pai tem sido a minha melhor experiência de sempre. É verdade que muita coisa muda, mas isso gere-se. Sei que um dia vou poder dedicar-me de novo aos meus hobbies tal como o fazia antes. Ao fim de sete meses, estou de regresso, ainda que de forma moderada, às saídas com amigos, às jantaradas e ao copo do Bairro. E a mãe faz o mesmo. Confirmo, é possível ter uma vida normal. Mas há de facto quem complique, a começar pela indústria dos bebés. Um exemplo? Olha, aquelas cenas, os babygrows, são mesmo desenhadas por quem gosta de ir às curvas quando o caminho é a direito. O que deveria ser uma cena simples de enfiar pernas e braços e apertar atrás é, na verdade, um autêntico puzzle que necessita de um manual tipo Ikea para resolver. Botõezinhos de apertar em pontas que cruzam aqui e ali, sem se saber que botão pertence a que casa... Só com um pano encharcado no focinho de certos imbecis. Outro exemplo? Já ouviste falar dos discos de música própria para bebés para os acalmar? Imagens desenhadas com altas teorias de psicologia, com cores e o camandro para os deixar mais sossegados? São a coisa mais enervante do mundo e acho mesmo que os bebés gritam mais alto. Por isso peguei na câmara de video, filmei a mãe e as nossas vozes, gravei num DVD e faço play em modo repeat. Pelo resultado, acho que mereço um prémio.

E para quem acha que ter um filho é um inferno, cá vai uma frase da C. em comentário ao nascimento da tua filha. Tenho saudades de quando a Laura nasceu.

Felicidades do tamanho do mundo. Bem vindo à experiência do verdadeiro amor.

1 comentário:

Tom Sawyer disse...

Meu caro

De facto a palavra milagre é estupidamente gasta durante a vida em momentos que estão muito longe do milagre verdadeiro que é testemunhar o nascimento dos nossos filhos.

Devo acrescentar que devo ser o tipo mais afortunado do mundo, pois para além de uma bébe linda, e até ver tranquila, fui abençoado por uma companheira de vida corajosa e muitoo pouco stressada no que toca a enverdar pelas conversas dos outros. Temos gerido tudo com a maior calma e trabalhamos para refrear alguns aimos, naturais, dos avós babados.

Fico muito contente por saber que a FRancisca vai ter na Laura uma excelente companheira de brincadeira.

Muito obrigado pela tua missiva. Um beijo à Catarina e à Laura, da Anabela e da Francisca.

Grande abraço