segunda-feira, maio 18, 2009

O que querem, afinal?

Ontem, ao ver os Globos de Ouro, na SIC, fui novamente arremessado por uma conversa que já chateia, que já cheira a podre. A Mariza, uma das laureadas da noite, subiu ao palco e pediu a defesa da música portuguesa, dirigindo um apelo ao ministro da Cultura para que os nossos valores [dos portugueses] sejam mais bem defendidos. Na plateia, Rui Reininho aplaudiu, notou-se bem, com aquele entusiasmo de subscrição total da causa. O assunto não foi ali mais desenvolvido, mas estará relacionado, acredito, com as tais quotas na rádio e outras formas de promoção da música portuguesa que não estarão a ser respeitadas. Na verdade, dirijo apenas uma pergunta: De que se queixam ainda?

Eu gosto de música, muito mesmo. É um elemento primordial do meu aparelho emocional. O que gosto, quero ouvir de novo. E se tal não me chegar, quero ter à mão para ouvir quando me apetece. Ou seja, compro. Não me interessa a origem. Pode ser de autor português, japonês, do Burkina Faso…, não interessa. Quero ouvir o que é bom, o que tem qualidade. E quem faz música com qualidade já percorre pelo menos metade do caminho da sua promoção.

Isto é verdade para todos, portanto, também para a música portuguesa. Quando esta é feita com qualidade e brio de quem ama o que faz, é ouvida, é comprada, é exibida até à exaustão na rádio, na televisão e em concertos com qualidade de topo. Há dúvidas? Quem tem liderado os tops nacionais de vendas nos últimos anos? Os bons músicos portugueses sabem bem o que é o disco de platina. As molduras já não lhes devem caber nas paredes. É mentira o que estou a dizer, Mariza? É, Reininho? E tu, Rui Veloso, desmentes-me? E tu, Jorge Palma? E vocês, Deolinda, dão-me razão ou não? E o fenómeno Tony Carreira, alguém me explica? E os Da Weasel? E os Buraka Som Sistema? Quantos músicos ou bandas estrangeiras conseguem encher o Pavilhão Atlântico duas vezes? Quem me explica a promoção do projecto Amália Hoje e o facto de ter-se estreado com uma entrada directa para primeiríssimo lugar do top nacional de vendas? Querem ver quantas semanas lá vai ficar?

Por isso expliquem-me de uma vez por todas o que querem e que não têm ainda. De que se queixam? Porque insistem numa ditadura desmesurada de obrigar as rádios a passar também o que não tem qualidade só porque é feito em Portugal (as quotas exigidas pelos músicos a isso obrigariam)? Será porque não passam UHF e Paulo de Carvalho? Bom…

2 comentários:

Anónimo disse...

os UHF não necessitam das rádios para serem grandes, eles são grandes com o apoio dos fãs e dos amigos,mais respeito aos UHF que tanto teem lutado contra tudo e contra todos(Tu)Barões e do sistema da musica nacional

Ricardo Salvo disse...

Caro anónimo, não me interprete mal. Tenho todo o respeito pelos UHF, sobretudo porque marcaram, e com sucesso, uma época da música portuguesa. Mas quando uma banda se encosta meramente ao que foi, incorre num erro crasso. Se reparar, referi os UHF em simultâneo com o Paulo de Carvalho e, na minha opinião, este é um dos melhores músicos portugueses. Podemos agradecer-lhe muita da qualidade que temos na música portuguesa. Entre os variados discos de música portuguesa que vão fazendo sucesso, será interessante ver aqui e ali quem assina a composição dos temas.