Mais ciência dos blogues. No espaço de um mês, assisti de perto a três casos em que as prosas cibernéticas comprometeram os seus autores, criando problemas e situações de solução difícil (se é que poderão mesmo ser resolvidas). Eu próprio já fui estupidamente “medido” por coisas que escrevi no meu blogue. Só que ao contrário de outras pessoas – incluídas nos casos referidos –, não olho para este espaço como merecedor de privacidade. Se lá escrevo – e tendo a noção de que, escrevendo na Internet, no mesmo segundo posso ser lido nos antípodas –, é natural que não me sinta invadido por estar a ser lido. Aliás, esse é precisamente o propósito, porque de outro modo teria um diário na gaveta da mesa-de-cabeceira. Este é o espírito do blogue, e quem escreve no ciberespaço com a perfeita noção de que ninguém o lê, ou que controla com exactidão quem lê, está a anos-luz do conceito. Mas está também muito distante do conceito quem lê blogues a julgar que vai ter um traçado da vida dos seus autores. E por isso, aqui fica um esclarecimento sobre a minha a vida em ré menor: os pensamentos, as observações (como esta que agora escrevo), são reais. Não estou a mentir. Mas nunca conheci um mojito que se tivesse apaixonado por uma bola de gelado. Existe, de facto, um cão que à noite ladra aos gatos, mas nunca me apareceu pirralha alguma a entrar para a arrecadação. Tal como nunca escrevi uma música com o intuito de me declarar a alguém. Mas gosto efectivamente de tomar café na esplanada da Graça e de ir ao Miradouro da Senhora do Monte. Por isso, não me crucifiquem.
3 comentários:
É isso. Simplesmente isso.
Cada um mostra o que quer. Mas com a certeza que um blog é um tudo menos um espaço privado.
É como viver numa casa de janelas de vidro.
Não podia concordar mais!
Boa!!!Repetindo o que já disseram "é isso mesmo"! E, por isso tantas vezes me pergunto se valerá a pena ter um...até porque eu sou daquelas de "diário na gaveta da mesa de cabeceira"!!!
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