segunda-feira, dezembro 03, 2007

Genialidade sem preço

O primeiro passo foi dado para juntarmos o melhor de dois mundos. Quando os Radiohead disponibilizaram, em Outubro, o mais recente álbum numa inovadora modalidade de pay-what-you-want, a estalada sem mão às editoras pareceu fatal. Enquanto muitos músicos, sobretudo norte-americanos, se manifestam em desagrado perante os elevados preços dos discos, contestando a chulice das grandes labels que insistem na ganância, os britânicos liderados por Thom Yorke passaram à acção e começaram uma caminhada para provar como se pode fazer chegar aos fãs boa qualidade sem que estes tenham de pagar caro por isso.

Como seria de esperar, a guerra não tardou. Soube-se hoje que os Radiohead, tal como o Prince – que distribuiu o seu último álbum com um jornal inglês –, não vão ver os seus nomes entre os candidatos aos Brit Awards, uma vez que não seguiram as regras. Posso, no entanto, adivinhar o que se poderá passar agora com os Radiohead: In Rainbows, o álbum de que estamos a falar, é um dos mais belos e geniais trabalhos musicais das últimas muitas décadas. A banda de Thom Yorke provou que consegue superar-se a si própria e produziu aquele que em poucos dias se tornou nos álbuns mais ouvidos por mim de entre toda a minha colecção acumulada ao longo de anos. Riem-se as editoras, porque a estratégia de pay-what-you-want dos Radiohead revelou-se um tremendo fracasso – 62% dos downloaders não pagaram um tostão pelo trabalho. Mas creio que ri melhor quem ri por último quando se fizerem as contas às receitas dos concertos de uma (ainda não anunciada) tournée que já gera muitas ansiedades.

Até lá, deliciemo-nos com o que temos:

2 comentários:

Anónimo disse...

Muitos links interessantes aqui http://www.kottke.org/tag/radiohead , acredito que o "flop" dos 62% dê mesmo assim para eles não perderem dinheiro em relação a uma distribuição dita normal. No entanto poucas bandas podem fazer o que os Radiohead fizeram, com sucesso. Não paguei mas agradeci...

Ricardo Salvo disse...

Efectivamente, poucas bandas podem dar-se a este luxo. Tanto melhor. A qualidade chega-nos depurada por esta via e não temos de aturar o lixo à pazada que as editoras nos metem à frente a 18 euros por CD. Se bem que o hábito de disponibilizar os seus trabalhos em download tem-se verificado com bandas de garagem, que inclusive nos enganam no e-mule, mascarando as gravações com nomes pomposos de bandas conhecidas.
Vou ler atentamente os links que me sugeres. Obrigado e um abraço.