sábado, junho 28, 2008

28 de Junho, 22h04

en CRW_9531 pb – O que é que se passa? O vosso bebé vai nascer? – perguntou-lhe, curiosa, a futura mãe ao lado de quem ele se sentou na pediatria do hospital. A resposta, no entanto, não era fácil. Ainda se lhe queimava a garganta da respiração ofegante que tinha acabado de comprar numa correria desusada. Limitou-se a um encolher de ombros, até porque os seus pensamentos, num provocador turbilhão, pouco espaço deixavam a respostas mais pensadas. A verdade é que ele próprio não sabia. Da noite daquele sábado esperava-se inicialmente, segundo os projectos, esses sim, bem delineados, um sublime banquete a dois para o qual tinha acabado de fazer compras.

O problema é que o seu modo de escrutinar a vida não fugia à regra. Calculista quanto baste, mas sempre viu nas suas condições futuras um quando lá chegar logo se vê. Assim foi com o ir ser pai. Só iria acontecer dentro de um mês, diziam os canhanhos da mais do que secular Ciência, por isso aquela visita às frias salas de espera do Santa Maria tinha-lhe caído nos braços que nem a “alcofa” que aí viria 11 horas mais tarde.

Não é fácil, tal como o momento o atestou, assinar papéis com regulamentos de duas páginas de letra miudinha que lhe iriam criar o compromisso de se portar bem como “acompanhante” da “parturiente”, cuja bata que já envergava, juntamente com o saco de pertences pessoais de “internada” que tinha sido depositado junto aos pés dele, faziam adivinhar uma nova condição familiar dentro de poucas horas.

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